segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ana Beatriz e o toque refinado das miniaturas


Renovar as energias do ambiente é muitas vezes o desejo de quem faz aquela reforma em casa. Apenas um pequeno detalhe, como um belo objeto, pode fazer toda a diferença. 

Com linhas temáticas voltadas para decoração, a marca Ana Beatriz Miniaturas desenvolve um trabalho voltado para os pequenos detalhes. Linhas como profissões, artes, caixas de poesia, bar e café, entre outras,  mostram a criatividade oferecida pela marca. "Todas as peças são confeccionadas no meu ateliê - com exceção de algumas peças em resina que compro de uma fábrica de São Paulo quando faço ambientes de bar ou café", explica Rita de Cássia Baduy Pires, idealizadora da marca. 

Formada em Psicologia, Artes Visuais e Pós Graduação em Museologia, Rita começou com artesanato em 1989 e especializou-se em miniaturização de ambientes. Antes da criação da marca, a artista trabalhava como psicologa  na área de recursos humanos. "Casei fui morar em Manaus, trabalhando também nessa área no INPA. Quando nasceram minhas filhas - Ana Luiza e Beatriz - em 85 e 87 respectivamente, desisti de trabalhar fora e comecei a fazer artesanato, especificamente bordados - tradição passada por uma tia bordadeira profissional no interior do Paraná. Daí parti para criar bordados e colocá-los em molduras: Ponto cruz e bordado à máquina", ressalta.

Em 1989, Rita começou a trabalhar aos domingos na feira de artesanato do largo da Ordem, em Curitiba, local onde vive.  "Nos bordados comecei a acrescentar pequenos detalhes como flores secas, pequenas porcelanas e outras miniaturas compradas de artesãos locais. Começou estão os ambientes em miniaturas com o fundo bordado em ponto cruz e algumas peças em miniatura ainda compradas. Como as ideias começaram a aparecer e o material ficar escasso, passei a confeccionar eu mesma as miniaturas. Mas sem escala, sem muito requinte", diz.

Já em 1994 a artista viu em uma revista uma miniaturista paulistana - Regina Nachtigal, hoje grande amiga de Rita - que dava aulas de miniatura. Marcou uma aula em um final de semana e os horizontes se abriram. "Reformulei todo o meu trabalho introduzindo uma escala. Fui fazer aulas de cerâmica e prestei vestibular para o curso de Artes Plásticas e também a ser orientada pela ceramista e também miniaturista Mariliz Diaz, hoje também uma grande amiga.  A partir daí fui desenvolvendo e pesquisando. Acho que estou sempre tentando me aperfeiçoar e fugir do lugar comum em termos de miniatura. Não sei se consigo, mas o esforço é grande (risos)", evidencia.
  
Inspirações 

Na hora da criação, é preciso estar antenado em tudo: economia, cultura e tendências da moda - é importante estar ligado ao cenário da atualidade. "Não dá para dizer que a moda não influencia. Quando acho que estou tendo uma ideia inovadora, acabo vendo que as influências estão por toda parte. Mesmo que eu não tenha percebido conscientemente. A criação vem de várias fontes: às vezes um cliente me pede para fazer um ambiente que nunca havia pensado em fazer e daí vou pesquisar e acabo gostando do resultado. Outras vezes eu vejo um filme, quadro ou um cenário em revista e vem a inspiração de fazer algo parecido. Às vezes até erro e acabo criando alguma coisa diferente. Mas tenho, claro, uma linha de estilo que procuro manter, acho", revela.

Além das referências para a criação, é preciso pensar em diversos aspectos para garantir o conceito da marca. "Criar, não copiar... Confeccionar, partir da matéria bruta para elaborar as peças, atender rapidamente às eventuais reclamações de clientes que tiveram as peças danificadas ou com algum defeito... Busca sempre de maior qualidade e detalhamento. Por mais que cada peça tenha um padrão, nunca repito exatamente. Sempre há algo novo. Um livro com capa diferente, uma cor de parede, sempre algum detalhe que torna quase único", afirma.  

O processo de elaboração das peças é feito no ateliê  e são utilizados materiais como madeira, papel, cerâmica e pedaços pequenos de bijuterias. "Existem peças que têm muita saída. Então, sempre faço estoque dos móveis que vão em cada uma. Mas quando tenho que criar algo novo, faço vários modelos, várias tentativas de disposição do ambiente... Às vezes, crio o ambiente e faço as miniaturas de acordo com o que pensei. Mas, às vezes, é o contrário: pego peças prontas e distribuo até chegar em um ponto que me agrade", diz.

No mês de março a marca lançou alguns ambientes em caixas mais fundas e elaboradas. "Para o segundo semestre, ainda não deu tempo de pensar. Mas, na linha "artistas" estou sempre buscando um novo artista para homenagear. Esse ano fiz o Escher, Magritte e Rohtko", destaca.

Com a frase: "Deus está nos detalhes", de Mies Van Der Rohe, Rita define o que a marca representa para ela. Com tantos anos de estrada, houveram momentos muito especiais que marcaram a trajetória da artista. "Acho que o encontro com a Regina Nachtigal, foi muito marcante e o impulso para buscar mais e mais conhecimento. Outros momentos foram as exposições Espaços Curitibanos - Homenagem a antigos comércios, onde miniaturizei doze comércios antigos da cidade que ainda funcionavam e mantinham características originais e  Diálogos em Miniatura, que foram três exposições de uma só vez: Os comércios antigos, Caixas de poemas de poetas de lingua portuguesa e Brincando com a escala, onde coloco uma peça de tamanho natural e miniaturas que dialogam com essa peça. Dessa brincadeira com a escala, desenvolvi uma linha comercial que está no site", revela. 

Para a artista, as pessoas sentem prazer em decorar suas casas ou ambientes profissionais. "Estar em um ambiente agradável e gostoso de olhar é muito gratificante", diz e finaliza com  uma frase de Muriel Barbery: "Onde se encontra a beleza? Nas grandes coisas que, como as outras estão condenadas a morrer, ou nas pequenas que, sem nada pretender, sabem incrustrar no instante uma preciosa pedrinha de infinito?"